ACADÊMICOS - FILOSOFIA

Ciência, Capitalismo e Cultura de Massa

A ciência em sua imagem mais tradicional é vista como o resultado de processos contínuos e gradativos de acúmulo de conhecimentos sobre os fenômenos naturais. Esse conhecimento é então, uma espécie de patrimônio intelectual a serviço do cientista que avança em busca da verdade.

Essa visão positivista da ciência, que direcionava o pensamento a um ideal de emancipação do homem através da razão, tinha por base três características: a noção de objetividade; o conceito de verdade estática; e a existência da razão. Assim uma teoria torna-se objetiva quando reflete a verdade de seu fenômeno e essa objetividade é determinada pela razão.

Esse processo, baseado numa suposta neutralidade, traçou ideais de progresso e de transformações sociais, mas que se distanciaram de seus objetivos a medida que a razão passou a servir, através do valor à técnica, aos interesses da indústria, da produção em massa, para uma sociedade cada vez mais auto-alienada, configurada por uma relação de “coisificação” do espírito, onde as expressões criativas e culturais se tornam cada vez mais padronizadas, impostas e administradas por um sistema capitalista.


A Escola de Frankfurt, em sua crítica à visão tradicional e naturalista da neutralidade da ciência, a acusa de mascarar outras ideologias ligadas à atividade científica, estas últimas, relacionadas com a industrialização da cultura.

Para Horkheimer, por exemplo, a ideia de neutralidade elimina da razão o poder de julgamento de um conteúdo objetivo:

A neutralização priva a razão de qualquer relação a um conteúdo objetivo e do poder de julgá-lo. Ela o aprisiona no nível de agente de discussão mais preocupado no como do que no porquê e a transforma cada vez mais em um simples e monótono aparelho de registrar fatos. A razão subjetiva (instrumental) perde toda a espontaneidade, toda a produtividade, todo o poder de descobrir e fazer valer novos conteúdos, ela perde sua própria subjetividade.

Ou seja, por focar no conhecimento técnico e objetivo, a ciência, em nome de uma suposta neutralidade, perde o sentido de finalidade e passa a servir aos interesses da burguesia, que de posse da técnica, do conhecimento científico, reduz a promessa de emancipação do Projeto Moderno à uma alienação cultural por meio da industrialização.

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